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Beatriz Ferreira

Com apenas quatro anos de idade, a pequena Bia já sabia o que seria do futuro quando decidiu o que queria da vida. Filha de Raimundo Oliveira Ferreira, conhecido no mundo do boxe como Sergipe, a baiana optou por seguir os passos do pai. De tanto acompanhar o pai em seus treinos e lutas, Bia desenvolveu a paixão pelo boxe.

"A potente MRV descobriu minha bravura e juntos iremos transformar sonhos em realidade. É uma equipe de mulheres determinadas, que juntas são capazes de mostrar a eficiência de cada uma em seus esportes. Vou lutar ainda mais forte dentro do ringue ao saber que essa empresa chega para somar e me fazer mais forte. Vamos para cima!"

Treinada e lapidada pelo próprio pai, Beatriz Iasmin, teve um caminho difícil até tornar-se campeã mundial da categoria 60kg. Das dificuldades financeiras a uma inusitada suspensão de dois anos em 2015, a baiana teve que se desdobrar para consolidar-se como atleta de ponta.

"O meu pai me mostrou a paixão pela nobre arte, foi ele que me passou o amor pelo boxe. Por causa dele me apaixonei, quis ser igual a ele e hoje estou aqui dando alegria para ele e para o Brasil. Fiquei muito feliz e realizada com o título mundial. Tive uma sensação de dever cumprido, porque eu tinha prometido para mim mesma que um dia conseguiria ser a melhor do mundo."

Dificuldades

A felicidade estampada no rosto de Bia não mostra a vida sofrida e dedicada que ela teve. De família pobre, do bairro de Nova Brasília em Salvador, Bia e sua família de desdobravam para ter uma condição boa. Mesmo sendo atleta de boxe, seu pai, Sergipe não tinha grandes rendimentos, o que o obrigou a ter diversos empregos para garantir o sustento da família.

Em 2004, Sergipe foi chamado para dar aulas de boxe em Juiz de Fora, Minas Gerais. Com isso, a família toda se mudou para a cidade mineira em busca de melhores condições de vida.

Em 2008, Sergipe e a mãe de Bia se separaram. Acostumada a acompanhar o pai em treinos e competições, a boxeadora optou por ficar com seu pai e seguir seu sonho. Após um rápido retorno a Salvador, onde sua mãe mora com sua irmã, Bia comunicou o que aconteceria: a mudança definitiva para Minas Gerais.

Mesmo com todas as dificuldades, e sem condição financeira de ficar viajando para as competições fora do estado, a então adolescente começou a ser lapidada para tornar-se atleta profissional.

"As vitórias da Bia são vitórias do Time Sergipe. Costumo dizer que aqui é Time Sergipe contra o resto do mundo. Eu e ela somos como se fôssemos uma pessoa só. Minha filha é o meu orgulho. Engraçado que quando a mãe da Bia ficou grávida, eu queria ter um menino, porque achava que assim seria mais fácil ele me acompanhar no boxe. Esse pensamento acabou quando a Bia nasceu. Ela ama o boxe desde as primeiras palavras. Talvez se eu tivesse tido um filho a história seria diferente, porque ninguém garante que ele seria boxeador." – Disse o pai, Sergipe.

Treino com homens e suspensão

Os primeiros anos em Juiz de Fora deram à Bia toda a base que a tornaria o que ela é hoje. Por conta da pouca quantidade de mulheres no boxe mineiro, e visando se preparar ainda mais para suas primeiras competições, a campeã mundial treinava com homens. Isso mesmo, com homens. Mais resistente que as demais praticantes, Bia rapidamente começou a conquistar bons resultados nacionais.

Em 2015, de forma inesperada, após vencer sua primeira luta no Campeonato Brasileiro, Bia viria a passar por um grande baque. Suas adversárias descobriram que ela estava lutando Muay Thai em uma academia de Juiz de Fora. Com isso, entraram com uma denúncia contra ela na Confederação Brasileira de Boxe. Nas regras da AIBA (Associação Internacional de Boxe Amador), entidade vinculada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), o boxeador tem que ser exclusivo do esporte, ou seja, apenas lutar boxe. Além de ser expulsa do campeonato, o que já era péssimo para Bia, uma suspensão de dois anos foi aplicada, prejudicando seus planos.

Volta por cima

Mesmo suspensa, Bia não podia abaixar a guarda e seguiu em atividade. Com a ajuda de seu pai, disputou os Jogos Abertos do Interior de São Paulo e acabou chamando a atenção de treinadores da Seleção Brasileira de boxe. Foi convidada a participar do projeto Vivência Olímpica em 2016 e começou a trilhar sua trajetória.
Boxeando com as melhores do país, ela servia de sparring para Adriana Araújo, que viria a conquistar a medalha nos jogos do Rio 2016.

Bia se consagrou Bicampeã Brasileira, conquistou o ouro nos jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Também tem os títulos de Campeã sul-americana em 2018 e bicampeã continental (2017 e 2018).

"Minha meta agora é buscar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Treinei a vida toda para esse momento. Se você tiver força e dedicação você consegue alcançar os seus objetivos. Ser boxeadora não é fácil, mas eu estou aqui para provar que é possível construir uma história."